Ontem eu estava lendo o blog da Ana Carla e vi que ela postou algumas fotos de como o corpo dela estava alguns anos atrás e disse que gostaria de voltar a ter aquele corpo. Creio que muitas de nós temos esse tipo de pensamento. É triste, mas para mostrar que não estamos sozinhas nesta luta, trouxe a tradução que fiz de uma matéria bem interessante que saiu na revista O de janeiro de 2009. A revista trouxe em sua capa a apresentadora Oprah Winfrey falando a respeito da sua luta contra a balança.

É importante para a gente ver que não é o dinheiro que consegue transformar as pessoas, mas sim sua força de vontade. Afinal, para sair para caminhar você não precisa de muito mais que um bom par de tênis, shorts e uma camiseta, não é?!

Vamos à matéria!

Quatro anos atrás, quando Oprah conseguiu chegar à boa forma e atingiu os 72kg, ela pensou que tinha encontrado uma fórmula infalível para a perda de peso permanente. Então a vida – na forma de um problema na tireóide e de uma agenda lotada – se manifestou. No ano passado, ela estava de volta até a marca de 90kg e soube que algo tinha que mudar. Depois de uma pausa para refletir e recarregar as energias, aqui está o que ela aprendeu, o que ela está fazendo de maneira diferente e o que vem em seguida.

Você sabe como você se sente mal quando tem um evento especial, uma reunião, um casamento, um bar mitzvah e você queria perder aqueles 5 a 20kg extras, e você não fez isso? Então chega o dia e agora você tem de tentar encontrar algo decente para vestir e você tem que descobrir como murchar a barriga toda a noite e sair da sala de costas para que ninguém veja que seu bumbum continua se movendo mesmo quando você está parada. Multiplique este sentimento por um milhão – ou 2,4 milhões se for contar cada leitor da O – e você vai saber como eu me senti a cada vez que tive que tirar uma foto para a capa da O no ano passado. Se você é um leitor regular, você vai perceber que você não viu nenhuma foto da cabeça aos pés no ano todo. Por quê? Porque eu não queria ser vista.

Em 1992, cheguei ao meu maior peso, 107kg. Eu tinha 38 anos. Então, quatro anos atrás, eu objetivei perder peso e apareci na capa de janeiro de 2005 (à esquerda) com 72kg bem distribuídos. Pensei que estava acabada a batalha contra o peso. Eu tinha terminado. Eu tinha conquistado. Eu tinha tanta certeza, eu estava até mesmo convencida. Eu tive a coragem de dizer aos amigos que estavam lutando: “Tudo o que você tem que fazer é malhar mais e comer menos! Caminhe seus 10 mil passos! Nada dessas coisas cheias de carboidratos!”

Bam! O karma é um como um urso.

Então aqui estou, 20kg mais pesada do que eu estava em 2006. (Sim, você está fazendo as contas certas; que significa a temida casa dos 9-0.) Eu estou com raiva de mim mesma. Eu estou envergonhada. Eu não posso acreditar que após todos estes anos, todas as coisas que eu sei fazer, eu ainda estou falando sobre meu peso. Eu olho para o meu eu mais magro e penso: “Como eu deixei isso acontecer novamente?”

Aconteceu lentamente. Em fevereiro de 2007, aos 53 anos, comecei a ter alguns problemas de saúde. No começo eu não conseguia dormir por dias. Minhas pernas começaram a inchar. Meu peso começou a subir, primeiros 1kg, então 5kg. Eu estava letárgica e irritável. Meu relógio interno parecia totalmente descompassado. Eu comecei a ter palpitações no coração toda vez que malhava. Ok, eu nunca amei exercícios diários, mas isto era diferente. Eu realmente fiquei com medo de malhar. Eu tinha medo de desmaiar. Ou pior. Senti como se eu não conhecesse meu próprio corpo mais.

Depois de muitas visitas a vários médicos, recebi um diagnóstico. Eu tinha hipertireoidismo (um tiróide super ativa que pode acelerar o metabolismo e causar perda de peso – mas é claro que não me fez perder um único grama) e depois, gradualmente começou a se transformar em hipotireoidismo (um metabolismo lento que pode causar fadiga e ganho de peso). Meu médico prescreveu medicamentos e me avisou que eu deveria “aprender a abraçar a fome” ou eu ganharia peso imediatamente. Acredite em mim, nenhuma parte de mim estava preparada para abraçar a fome.

Era como se a luta que eu tive com o meu peso na vida adulta inteira tivesse oficialmente terminado. Eu me senti totalmente derrotada. Eu pensei: “eu desisto. Eu desisto. O peso ganhou.” Todos esses anos eu culpava apenas a mim pela falta de vontade. Agora eu tinha uma desculpa  oficial, documentada.

O diagnóstico da minha tireóide era como uma espécie de pena de prisão. Fiquei tão frustrada que comecei a comer tudo o que eu queria – e isso nunca é bom. Minha droga preferida é a comida. Eu uso o alimento pelos mesmos motivos que um viciado usa drogas: para confortar, para aliviar, para diminuir o stress.

Troquei de médicos e continuei ganhando peso. Em um momento eu estava tomando três medicamentos: um para as palpitações do coração, outro para pressão alta e um outro para controlar minha tireóide. Quem sabiaque  essa pequena glândula em forma de borboleta na base da garganta tinha tanto poder? Quando ele está funcionando mal, seu corpo inteiro sente os efeitos. Eu seguia ordens médicas ao pé da letra (exceto a parte sobre malhar). Tomava a medicação prescrita religiosamente à mesma hora todo dia.

Ser medicada, apesar de necessário, me fazia sentir como se eu estivesse vendo minha vida através de um véu. Eu me sentia como uma inválida. Tudo era tedioso. Eu sentia como se o volume da vida tivesse diminuído.

Eu sabia da extensão, mas eu não tinha consciência total do efeito da medicação até ter uma conversa com meu amigo Bob Greene. Ele desistiu de me dar lições de exercícios e boa alimentação, mas estávamos andando juntos um dia e ele disse: “Acho que tem algo errado. Você está apática. Seus movimentos estão mais lentos, mesmo quando você está fazendo coisas normais. Falei duas vezes de uma coisa e você não está se lembrando. Não há brilho nos seus olhos. Eu acho que você está com algum tipo de depressão.”

Eu – deprimida? Eu não tinha pensado que estava, mas definitivamente algo não estava certo. Eu sentia como se a força da vida tivesse sido tirada de mim. Eu sempre tinha uma desculpa para estar cansada. Eu tinha que me esforçar para fazer tudo. Eu não queria ir a lugar nenhum e não queria ser vista mais do que o necessário. Eu poderia coordenar um show ou uma revista que dissesse às pessoas como viver suas vidas, mas eu definitivamente não estava sendo um exemplo. Eu estava apenas falando, mas não estava fazendo. E isso me desapontava.

Imediatamente após aquela conversa com Bob, telefonei para meu médico. “Toda essa medicação está fazendo minha vida parecer uma linha reta,” eu disse. Então meu médico foi me tirando a medicação aos poucos, exceto uma aspirina por dia. (A propósito, nunca pare de tomar medicamentos prescritos sem antes consultar seu médico, especialmente remédicos para o coração e pressão sanguínea.) Aquela escolha foi o início da minha caminhada de volta para a saúde – e de volta para mim mesma.

Retomar minha vida não foi fácil. Tudo que acontece com vocês, acontece comigo: as responsabilidades da vida não diminuem só porque você não está se sentindo bem. No meu caso, o show literalmente tem que continuar. Muitos dias eu realmente não quis ir trabalhar, mas atestados não são uma opção quando mais de 300 espectadores compraram passagens de avião e contrataram babás só para comparecer às filmagens.

Eu acho que cheguei ao fundo do poço quando eu quis ficar em casa mesmo quando tinha um show divertido como o que eu fiz com Tina Turner e Cher em Las Vegas. Eu deveria ficar de pé no meio das duas no palco e eu me senti como uma vaca gorda. Eu queria desaparecer. “Deus, me ajude agora,” eu pensei. “Como eu posso me esconder?” Depois, eu perguntei a ambas sobre suas idades (naquela época, Tina tinha 68 e adoraria ser mais velha; Cher tinha 61 e não gostaria), eu me perguntei, “Quem realmente é a mulher velha aqui? Eu.” Ambas tinham mais energia do que eu. Elas não apenas brilhavam, elas ofuscavam.

Ao final da temporada de 2007–2008 e no início das minhas férias de verão, eu ainda tinha outros compromissos. Eu faço pelo menos 4 viagens por ano para visitar minhas meninas na África do Sul. Não importa em que continente elas estejam, um grupo de 150 garotas em idade escolar é bastante para coordenar. Quando eu deixei a Áfria do Sul, eu sabia que precisava de um tempo para não fazer absolutamente nada.

Em julho eu estava preparada para dar uma pausa. Eu ia dormir e acordava quando quisesse. Eu bebia leite de soja, tomava vitaminas com semente de linhaça e permiti que meu corpo se recuperasse. Alguns dias eu me exercitava caminhando com meus cachorros nas montanhas de Maui,  gradualmente fui acrescentando exercícios à rotina, primeiramente com um monitor cardíaco para me certificar de que não haviam palpitações (era uma caixa preta menor que um BlackBerry, que eu colocava no meu cinto). No final do verão, eu senti que poderia fazer 1h de exercícios aeróbicos sem cair morta.

Depois eu cuidei do vício em comida, que continuava. Até onde vão minhas escolhas diárias, eu não sigo nenhum programa alimentar em particular. Voltei para as regras básicas que nós conhecemos: comer menos açúcar e menos carboidratos e mais alimentos frescos, como peixe, vegetais e frutas. Mas para não abusar da comida, eu tive que me manter totalmente consciente de cada mordida, comendo devagar e mastigando bem. Eu tinha que focar em estar totalmente viva, acordada, presente e comprometida, conectada com cada área da minha vida. Agora.

Tudo o que eu aprendi neste ano é que meu problema de peso não está relacionado com comer menos e malhar mais, nem com problemas de tireóide. É sobre minha vida estar desajustada, com muito trabalho e pouca diversão, sem tempo para descansar. Deixei a fonte secar.

Há outra coisa que este ano que passou tentou me ensinar: eu não tenho um problema de peso – eu tenho um problema de amor-próprio que se manifesta através do peso. Como minha amiga Marianne Williamson me falou, “Seu eu acima do peso não está faminto de comida. Ele está faminto de amor.” Sair da mesmice não é um assunto sobre peso, é um assunto sobre amor.

Quando eu parei e me perguntei: “Do que eu realmente tenho fome?” a resposta foi sempre  “Estou faminta de equilíbrio, estou faminta por fazer algo além de trabalhar.” Se você olha para sua agenda lotada e descobre, como eu fiz, que você só está sendo levada e que seu trabalho e suas obrigações substituíram sua vida, então você não pode culpar ninguém. Só você pode tomar as rédeas de volta.

É isso o que eu estou fazendo. Estes dias eu me coloquei de volta na minha lista de prioridades, eu tento fazer ao menos 1h de exercícios 5 ou 6 vezes na semana. À medida em que eu malho, me alimento de forma saudável e reoganizo minha vida há tempo para recarregar minhas energias, eu continuo trabalhando meu lado espiritual e emocional para vencer esta batalha de uma vez por todas.

Minha meta não é ser magra. Minha meta é que meu corpo tenha o peso necessário para ser ele mesmo – forte, saudável e em forma. Minha meta é amar este corpo e agradecer diariamente por tudo o que eu tenho.

Em 2009, vamos todos nos dar todo o amor necessário para sermos saudáveis, estarmos bem e sermos completos? Eu tenho certeza de que a cada momento deste novo ano, eu vou tentar.

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Ontem eu estava lendo o blog da Ana Carla e vi que ela postou algumas fotos de como o corpo dela estava alguns anos atrás e disse que gostaria de voltar a ter aquele corpo. Creio que muitas de nós temos esse tipo de pensamento. É triste, mas para...