Uma pausa na Semana #Alice – Ah, #Brasília
Oi, pessoal!
Hoje é o aniversário da minha mãe adotiva, cidade que me acolheu como filha e me ensinou diversas coisas ao longo desses mais de 25 anos. Brasília, minha ilha, adoro você!
Em homenagem, um texto de Danuza Leão, retirado de seu livro Danuza, Todo Dia, publicado em 1994 (guardemos as devidas proporções, ok?!). Ilustram o post algumas imagens bastante antigas da capital, enviadas por e-mail pelo colega Elias Júnior. Infelizmente não constava o nome do autor das imagens, se alguém souber quem é, favor deixar um comentário no final do post. Aliás, comentem mesmo se não souberem.
Na chegada, ela até se emocionou. A cidade é linda, com grandes espaços, cheia de flores, mas assustadora. Pesa saber que é ali que acontecem todas aquelas coisas que lê no jornal. De repente, alguns tapumes com o nome, bem grande: Paulo Octávio. Não tem erro: Brasília é aqui mesmo.
No táxi, antes de chegar no hotel, o primeiro susto; alguém diz “olha o Genebaldo aí atrás”. Genebaldo? É, ele mesmo, num Fiat com motorista, a cinco metros de distância. Visão, no mínimo, perturbadora. Na portaria do hotel, grupos de homens entram, saem, e ela, com a cabeça cheia com tudo que lê, já vai decretando: lobistas, claro.
O tal do poder. Dar uma volta no Congresso é um acontecimento. Parece uma sala de aula (que não é), cheia de jovens alunos indisciplinados (o que também não são) e sem uma autoridade para colocar ordem na bagunça. Um deputado discursa, e os colegas nem aí. Quando não estão falando nos celulares, estão em pé, conversando (de costas) na maior animação. Não há uma só pessoa prestando atenção ao discurso, mas nenhuma mesmo. De repente,’ passa Giuliana Morrone, linda, entrevistando um corrupto. Corrupto? Claro, continuam todos circulando, numa boa, como se nada fosse, ah, Brasília.
“Olha o Mercadante! o Fernando Lyra! o Bisol!” Ver de perto pessoas que você acompanha e admira é o máximo, dá vontade de ir falar, conversar sobre a CPI, saber o que vai acontecer, mas cadê coragem? Passa pela ‘Ala Alexandre Costa: mas não é aquele ministro que se recusa a sair? e afinal, por que uma ala com o nome dele? estranha Brasília. Como tem uma cicerone que sabe de tudo, passeia pela sala do cafezinho, é apresentada a parlamentares e sai para visitar um ministro. Profissionalmente, pela primeira vez, socorro!
Na porta do Ministério, três da tarde, as câmeras de televisão permanentemente a postos, para que foi inventar? vão pensar que foi propor um negócio, vai ter a cara estampada nos jornais, o país inteiro vai achar que está envolvida numa maracutaia, ai, quanto medo. É paranóia, mas passa pela cabeça, isso passa.
É recebida com a maior gentileza. O ministro, inteligente e brilhante, fala da situação, da crise, das saídas para a crise. Ele fala, todos falam, ela não diz uma só palavra. Fica travada, surda, muda, e não quer ser indiscreta, fazer perguntas. Vão achar que é débil mental, e com razão. Foi inventar, agora aguenta.
Vai a um jantar e tropeça nos políticos, aqueles que estão todos os dias nos jornais e na televisão. Em Brasília, deputados e senadores são figurinhas fáceis, que você encontra em qualquer esquina. É como se tivesse caído de pára-quedas no meio do noticiário da TV, dá para entender? Ah, Brasília.
Mesmo não conhecendo ninguém, ela se sente íntima de todo mundo, e pensa que sabe o que pensam (quanta ingenuidade). Mas a linguagem é cifrada e, como não conhece os códigos, se sente sobrando. Volta para o hotel, acha que foi tudo fantasia, mas vê o nome Paulo Octávio em néon vermelho em cima de um prédio e se convence: foi tudo verdade.
PS: Presidente, não há um só brasileiro que não confie na sua honestidade.
Mas estamos precisando de mais do que isso, e o episódio Alexandre Costa está pegando mal, presidente, muito mal.
O senhor deve estar indignado, tanto como nós; sofrendo, a gente sabe que está. Estamos nos sentindo órfãos, presidente, e nos sentindo muito sós. Chegue mais perto, fale com a gente. O senhor também vai se sentir menos só.
E agora dois links relcionados que encontrei na net para vocês:
– Brasília | 50 Anos de Fotografia
– uma outra brasilia [blog da maravilhosa Usha Velasco]
Oi Sabrina!
Parabéns pra sua “mãe adotiva”… nunca fui à Brasília mas tenho muita vontade de conhecer;)
Beijos!
parabéns pra nossa mãe adotiva né.
Ah, como eu amo a minha cidade!
Hoje estou com o coração derretido por causa dela e adorei estas fotos.
Brasília é a cidade mais parecida com um sonho que o homem já fez!
Bjs.
Belo post,
PARABÉNS BRASÍLIA, e a todos que contribuem para que aqui seja o lar doce lar de muita gente boa apesar dos pesares…
Ah, essa W3 ai antiga é a cara do Sudoeste de hoje, espero que daqui 20 anos não retirem as árvores de lá para dar passagem a algum trenzinho também…
“Sou de Brasília, mas juro que sou inocente.”
Nicolas Behr
Obrigada pelo link, Sabrina!
Aproveito pra dar uma dica: quem quiser saber como era Brasília nos anos 70 não pode perder a belíssima exposição de Joaquim Paiva na Caixa Cultural. É uma grande mostra da trajetória dele na cidade. Além de fotógrafo, Joaquim é um cara que sabe das coisas; é o maior colecionador de fotografia brasileira contemporânea. Imperdível! Abriu dia 20/4.