Ficou combinado assim: domingo é obrigatório passear, almoçar fora, se divertir. Então, vamos nos organizar?

Praia, a gente pensa logo. Mas a segurança? Afinal, o prefeito ainda nem tomou posse, mais prudente é ter paciência, são só mais 20 dias.

Um churrasco no sítio? Se são corajosos, é uma. Pense na mão-de-obra e responda se vale a pena. Vocês vão ter que:

1. Parar num posto e verificar a água, o óleo, os pneus; afinal, vão pegar estrada.
2. Passar num supermercado e comprar as carnes, as linguiças, cebola, salsa, tomate (para o molho), refrigerantes etc. (em alguns casos, gelo). E lembrar de levar o azeite, vinagre, sal e umas frutas para a sobremesa. Ah, café e açúcar.
3. Aproveitando, comprar a ração dos cachorros, milho para as galinhas, lâmpadas.
4. E o trânsito de ida e volta. Não. No próximo fim-de-semana, talvez.

Já tendo desistido do sítio, começam a procurar os amigos. “Vai fazer o quê?” Depois de vários, mas vários telefonemas, combinam de almoçar. Mas tarde, lá pelas três. “Que tal a gente se encontrar aqui em casa?” Tudo acertado, o domingo está salvo.

Durante 17 latas de cerveja (estão em 6 – e nunca entendi a origem dessa expressão), analisam o tema restaurante. Um não gosta de peixe, o outro detesta carne, massa nem pensar, feijoada só sábado (por que, aliás?). Quando chegam a um meio acordo, a dúvida: mas estará aberto para almoço hoje? A incerteza faz com que, subitamente, todos desejem ardentemente ir a esse lugar, nenhum outro serve.

Sem guia de restaurantes ou catálogo de telefones (há quantos anos?), e o serviço de informações que não responde (calma, afinal é domingo), o que fazer? Passar pela porta e verificar, é claro. Todos no mesmo carro bem apertados – afinal estão em seis – para não ter problema de vaga. O desconforto divide os amigos, em duas turmas: fumantes e não-fumantes. A não-fumante é que implica, claro, mas todo mundo pega leve; afinal é domingo, dia de ser feliz.

No restaurante, a espera. O grupo, de uma classe média que já foi mais alta, mas continua legalzinha, não costuma entrar em fila para nada, imagina num restaurante. Esperam? vão para outro? Os ânimos esquentam, porque tomar este tipo de decisão em pé na calçada é duríssimo. No mínimo, são dois de mau humor.

Quatro horas e trinta minutos depois, bem alimentados, chegam em casa, já abrindo a agenda, querendo que a segunda-feira chegue logo.

E morrendo de inveja daquela amiga que, como trabalha em casa, elegeu precisamente o sábado e o domingo para se enclausurar; livrar-se de todos os horrores do fim-de-semana e não tem nenhuma obrigação de fazer um programa, só porque é domingo.

Texto de Danuza Leão

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Ficou combinado assim: domingo é obrigatório passear, almoçar fora, se divertir. Então, vamos nos organizar? Praia, a gente pensa logo. Mas a segurança? Afinal, o prefeito ainda nem tomou posse, mais prudente é ter paciência, são só mais 20 dias. Um churrasco no sítio? Se são corajosos, é uma. Pense na...